segunda-feira

O Baile

As luzes do meu jardim estão apagadas. Bancos solitários sobrevivem a um ar meio mórbido.
Estou sozinho, sentado na sala, fumando mais um dos muitos cigarros que fumarei ao longo da minha existência nada mórbida.
O refrigerante perdeu o gás e pra piorar, o pó de café também está se despedindo.
Despede-se friamente. Não se importa em me deixar triste.
Coloco um disco para tocar.
É Gal, louca, desvairada, subindo pelas paredes e me chamando para bailar.
Fecho os olhos.
Estou no salão dos meus desejos e peço ao garçom que segure o meu copo. Mas que segure firme, não o deixe cair, não, não agora.
Inebriado com o desafinamento de uma diva em alfa, sinto o sopro do gozo de prazer em meus ouvidos.
Baixinho, bem baixinho ela me pede para bailar, apenas bailar.
As luzes se acendem.
Sento novamente no meu “divã” de loucuras e percebo que o disco acabou.


Hoje Clarice Lispector me disse: “Mas eu não sabia que se pode tudo, meu Deus!”

5 comentários:

Anônimo disse...

lindo!

obrigada pelo comentário, mas não acho que era modismo, não.

Cristiano Contreiras disse...

Tu permeias entre o real e surreal pleno dos prazeres do corpo. A mente também traga a doce compania da noite - da boemia em si; das pequenas coisas do dia-dia.

Ah, Clarice já me disse uma certa vez:

"essa minha covardia é um campo tão amplo, que só a grande coragem me leva aceitá-la"

abraços

Anônimo disse...

ta lindo!

Anônimo disse...

Temos mesmo é que descarregar o ceevro se nã oficamos loucos.

Dá um pulinho lá no portal

Henrique Luna disse...

Cássio meu chapa...vc escreve muito bem. Não o conheço, mas me parece que passa muito de vc aqui... que blz cara. Vou te linkar, ok?

Abraço