sexta-feira

Priscila


A tarde era de Sol. Contrariando todas as previsões noticiadas com temor. O mau tempo havia dado espaço para o céu azul e a cantoria dos passarinhos. Eu ainda estava com sentimentos tristonhos no peito. Sensações de abandono, incapacidade, medo...
Ouvir sua voz doce naquele momento foi uma salvação. Escutar você ler o seu/meu texto foi sublime.
Às vezes passamos a vida inteira buscando sentidos e razões para continuar.
Busco, além da minha própria imagem frente ao espelho, outras imagens, de outras pessoas que, no fundo, enxergo a mim mesmo. Espelho confessionário que inúmeras vezes me mostrou o teu rosto. Cravando em minha memória suas feições de menina.
Por mais que a vida me empurre para o erro, sei que encontrarei compreensão e um ombro mais que amigo pra lamentar. Encontrarei também uma mão, que nas horas de maior sufoco, sempre esteve estendida para me ajudar a levantar.
Sabe, às vezes, sozinho em meu canto, choro ao lembrar-me de você. Clarice me diz que é saudades.
Chorar lava a alma.
Mas não somente a alma, lava e renova também o meu amor. Amor esse refletido nos mil pedaços do meu espelho confessionário que já não é mais. Mas a sua forma não importa. Nenhuma forma consegue circunscrevê-lo e altera-lo.
Espelho é luz!
Um pedaço mínimo de espelho é sempre o espelho todo.



C.

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