Parambólico

Eu tentei olhar para os meus olhos e decifrar o que minha alma queria dizer.
Algumas lágrimas sem consciência, desceram pelo meu rosto, expondo toda a minha angústia.
Angústia essa que ainda não consegui decifrar.
Adicionei mais um número a minha idade e procurei fios brancos nos meus cabelos.
Sinto-me aprisionado pela minha falta de coragem e no entanto, entendo os motivos desta falha.
Neste momento, os meus pensamentos estão dispersos e os meus dedos negam-se a dar continuidade ao texto.
Vejo que a tarde está nublada e que as folhas das árvores do meu jardim, já não balançam mais.
O dia está seco e sem graça e os meus discos não querem mais tocar.
Volto ao meu espelho de confissões e declaro estar livre de todo o peso do mundo. Não quero mais tentar descobrir qual o segredo da vida ou qualquer outra coisa relacionada.
Ser um boneco de papelão. Isto é fato. Figurativo, covarde, sem jeito e sem tino pra vida.
Clarice Lispector me sugere aprender a viver, mas ao mesmo tempo me questiona: Você de repente não estranha de ser você?
Respondo automaticamente:
“O tempo inteiro, meu bem!”



C. Coga