terça-feira

Dia de Tomates.

O dia amanhece, o Sol brilhando como em quase todo dia.
Ainda sentindo o gosto amargo de pós-farra no céu da boca, fui à feira.
No meio de muitas barracas, de galinhas de destino certo e de gritos confiantes em seu preço aparentemente justo, entreguei-me ao clima de uma boa feira de verduras.
Parei atentamente em cada “banqueta” enamorando tomates e cebolas.
Aceitei ofertas de batatas, mas barganhei chuchus.
Arrastando meus chinelos nos corredores, explorei caminhos que levavam para cada uma das sete portas, das quais só consegui contar duas.
Onde estão as outras?
Por alguns segundos imaginei aquilo tudo como um grande caldeirão de sopa. Verduras, muitas verduras e CARNE!
Nós éramos as carnes.
Caldo de mocotó. Gordurento, seboso, cheio de morte, mas que traz vida.
Apaixonei-me por uma samambaia, descabelada como eu.
Ali, balançando no meio do povo. O dia todo. Na feira.
Pembas, colares e caju.
Experiência única.
Gente que trabalha e que bebe.
Feira de sete portas que só tem duas.
Continue sempre assim.



Ao som de Maria Rita, Recado.

9 comentários:

Hieros Vasconcelos disse...

Vamos à feira nesse sábado novamente? Só que na d S. Joaquim.
Hoje foi um dia estressante Cássio.
as energias se chocaram, vc reparou?

Anônimo disse...

o que decidiu sobre o template do sue blog?a gente precisa conversar......beijocas

Marce disse...

Faz tempo que não vou em uma feira... gosto disso! Acho que no sábado mato a saudade... hehehe
Um beijo

Hieros Vasconcelos disse...

vc estava com a macaca viu?

Henrique Luna disse...

Rapaz...feira é uma coisa impressionante mesmo... prato cheio pro pessoal de antropologia :).

Um abraço

Anônimo disse...

Coisa como movimento puro é a feira. Já dizia Clarice que entre a literatura e o cachorro vivo, ela preferia o cachorro vivo. Somos seres escreventes, num país onde a palavra serve aos embustes mais sórdidos. Mas a palavra não deve servir a embuste nenhum. Por muito tempo escrever era um distintivo, um status. Espero que um dia a palavra seja tão democrática quanto a imagem. Assim como tiramos fotos, possamos escrever sobre coisas que só cabem numa coisa dita na gramática da vida aplicada. É isso que a feira e os diários e todas as formas não canônicas de escrita pedem. Uma língua não aplicada ou que não se aplica a nada. Precisamos narrar sobre nós mesmos, fabular num mundo complexo onde não nos olhamos e sim nos lemos. Eu não sei usar a palavra e mesmo torto entorno esse começo que é dizer de nós mesmos por esse suporte. Eu amo a língua portuguesa, apesar de não conhecê-la. Eu amo lugares como esse que Cassinho criou para falar da feira; eu amo coisas tão doidas que só se tornam normais quando eu escrevo; eu amo essa amplitude de ser gente - e de se inventar gente. Todos nós temos uma lua recolhida; uma corrupção com requintes; um carro em chamas; uma bromélia; uma contramão; uma sala de castelo deserta e espelhada. Só a literatura tira o medo de mim.

Cristiano Contreiras disse...

Altamente sentires e sentidos e sensações sua escrita...

Marshall disse...

faz muito tempo que não vou a feira... só sei ir comer pastel! hehehe
abraço e obrigado pela visita!

Rita Contreiras disse...

Os cheiros provocam sensações interessantes...